Quem nunca fez algo de que se arrependeu muito? Algo pelo qual, por mais simples por mais simples ou destrutivo, ou mesmo que você tenha uma remota e vaga lembrança dua consciência jamais te deixou esquecer? Talvez por você não acreditar que tenha feito e tudo porque o que você tem é uma lembrança distópica como se tudo não tivesse passado de um sonho ruim.
Sempre houveram dois sonhos que designei a mim - e só eu podia realizar - nos quais eu não podia falhar: Chegar aos 50 anos sem nenhum inimigo e fazer parte da lembrança de alguém. Obviamente o primeiro deles falhou logo no colegial - tem sempre aquela pessoa na sala que não gosta de você embora você nunca tenha entendido o motivo - e o segundo, quando eu tive as melhores oportunidades para realizá-lo, eu falhei simplesmente porque não o fiz como deveria e mesmo que inconscientemente, a lembrança deixada não foi a que eu esperava.
Pode parecer egocêntrico e ridículo da minha parte mas, não é o que parece. Não me julgue mal. E mesmo que pareça literário de mias, assim como o Augustus Waters eu tenho medo do esquecimento, a grande diferença é que ele não vai ser esquecido apesar de não ser real. Não que eu queira ser lembrada por milhões ou idolatrada mas eu sempre quis deixar algo especial na vida das pessoas no momento em que nossas linhas se cruzassem, talvez uma boa professora que teve muito a ensinar, uma melhor amiga, ou um bom primeiro - e não necessariamente o primeiro - amor. Queria poder ver ao menos um momento na vida esta pessoa falar de boas lembranças comigo e assim como uma boa história contar de coisas que aprendeu e compartilhou.
Algumas noites, um determinado sonho tende a me inquietar nele eu sou simplesmente eu vivendo um paradoxo pessoal e sem uma perna e a todo local que eu olho esta pessoa me observa. No olhar, não habita somente ira é o olhar de alguém com muito rancor, como se ela tivesse sofrido inenarravelmente e me persegue em busca de vingança, vingança de alguém que deseja tirar algo a mais de mim além da perna que me falta. O mais atordoante deste sonho é a minha busca descontrolada por algo que possa substituir o membro perdido e as pessoas que me perseguem mesmo que eu migre de um lugar para o outro para me lembrar de que eu não posso fazer aquilo, que é proibido e tudo isso porque eu falhei na minha oportunidade de ouro - aquela que me parece apenas um sonho.
Das várias interpretações que tentei fazer das diferentes formas - e mesmo objetivo - que este sonho acontece a mais sensata que cheguei é que a perna perdida é o sentimento quebrado, um coração partido talvez a confiança estilhaçada, o olhar do personagem que me assombra é o desejo de esquecer e as "autoridades" que me lembram de que não posso recuperar o que perdi é apenas minha consciência jogando comigo e se aproveitando do único momento em que eu não tive certeza do que fiz.
Há sempre um monólogo interior ou um paradoxo fluindo dentro de mim e na maioria deles estou me punindo. O interessante é que eu pareço gostar de sofrer e mais ainda, acredito merecer, pelas coisas que fiz e pelas que eu não fiz sejam grandes ou pequenas. Quem nunca se culpou por se culpar ou teve medo do próprio medo?
Muitas coisas na minha vida eu gostaria de mudar, a maioria delas de quando eu ainda era apenas uma criança nas, a maior parte, são de miragens da minha lembrança e que eu nem sei se foram reais e temo descobrir. O mais triste de tudo isso é que para eu chegar aos 50 anos sem sem nenhum inimigo terei de matar muito mais gente do que previa. (risos)
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